A presença das mulheres na política não é apenas uma questão de representatividade — é sobre justiça, cuidado e transformação. Quando ocupamos os espaços de decisão, levamos outras vivências, outras prioridades, outras formas de fazer política. Somos mais da metade da população e do eleitorado brasileiro, mas seguimos sendo poucas nos lugares onde as decisões que afetam nossas vidas são tomadas.
Estar na política é mais do que disputar uma eleição — é participar da construção de um mundo mais justo, onde todas possamos existir com dignidade. Para isso, precisamos ocupar o que historicamente nos foi negado: voz, espaço e poder.
Em 2020, um grupo de 25 mulheres candidatas, indignadas com os resultados das eleições daquele ano, decidiu se unir. Eu me somei a esse movimento, e ao final de 2021, fundamos o Instituto Mulheres no Poder. Desde então, venho vivendo de perto os desafios – mas também as potências – das mulheres na política. Como vice-presidente e agora presidente eleita para a gestão 2025-2028, reafirmo: lugar de mulher é onde ela quiser. E a política precisa de nós — com urgência e intencionalidade.
A política é um desafio, e para nós mulheres, muito mais! Em 2024, aceitei ser candidata a vereadora em Santa Leopoldina. Foi um processo profundo e transformador. Como tantas outras mulheres, enfrentei o medo, a dúvida, a sensação de não pertencimento. Mas também vivi encontros potentes, escutas sinceras e coragem compartilhada. Compreendi, ainda mais profundamente, o quanto precisamos estar juntas — ouvindo umas às outras e construindo caminhos coletivos.
Foi pensando nisso — e com o desejo genuíno de ouvir as mulheres — que idealizei em 2022, a pesquisa “O que as mulheres pensam sobre política”. O objetivo foi compreender o que nos afasta da participação política e, principalmente, o que pode nos aproximar. A escuta é o primeiro passo para a transformação.
Nesse mesmo ano, coordenei o projeto Elas no Poder, programa de mentoria do Instituto Mulheres no Poder que fortalece candidaturas femininas. Porque sei, por experiência própria, que nenhuma de nós deve caminhar sozinha. Criar redes, trocar experiências e fortalecer vínculos é o que sustenta nossas trajetórias.
Se não ocuparmos esses espaços, continuarão decidindo por nós. É desafiador, sim. Mas também é possível, e necessário. Este é um convite para todas nós: se você pensa em entrar para a política ou atuar em espaços de decisão, vá. Não espere estar pronta. Nenhuma de nós nasce pronta — nós nos tornamos ao caminhar. E esse caminho se fortalece quando é coletivo.
Porque participar é transformar. E juntas, somos mais fortes. Somos capazes de construir uma política mais humana, mais justa e verdadeiramente representativa.