A representatividade feminina nos espaços de poder é fruto de uma caminhada histórica, coletiva e persistente. Neste mês de novembro, celebramos os 93 anos da conquista do voto feminino no Brasil, lembramos que esse direito não marcou apenas a entrada das mulheres nas urnas, mas inaugurou o longo percurso rumo à ocupação de espaços de decisão no Estado brasileiro.
Hoje celebramos uma conquista significativa: pela primeira vez em 134 anos, o Tribunal de Justiça do Espírito Santo será presidido por uma mulher. A eleição da desembargadora Janete Vargas Simões, por unanimidade, para o biênio 2026–2027, representa um avanço real para o Poder Judiciário e para todas as mulheres que lutam por liderança e visibilidade. Sua trajetória, pautada pelo diálogo e pela mediação, simboliza uma Justiça mais plural e conectada com a sociedade.
Ao afirmar que “este momento não é apenas pessoal, mas institucional”, Janete reafirma o compromisso com uma Justiça mais inclusiva. Entretanto, não podemos nos descuidar: ao mesmo tempo em que celebramos avanços, vivenciamos retrocessos. A recente indicação de um homem para ocupar vaga no Supremo Tribunal Federal, mantendo a Corte com pouquíssimas mulheres, (apenas uma, a Ministra Carmem Lúcia), expõe a distância entre o discurso de equidade de gênero e sua efetivação nos espaços de maior poder e decisão. Esse cenário evidencia que o compromisso público com a igualdade ainda é frágil e vulnerável a escolhas políticas que não refletem a pluralidade do país.
Por isso, a luta das mulheres no Executivo, no Legislativo e no Judiciário segue urgente. As mulheres que hoje ocupam cargos de liderança são fundamentais para ampliar essa pauta, romper barreiras e fortalecer uma democracia verdadeiramente representativa.
Cada avanço, como o de Janete Simões, mostra que a paridade é possível. Mas cada retrocesso nos lembra que nenhuma conquista está garantida sem vigilância, mobilização e presença ativa das mulheres no poder.
É preciso estar atenta!



