Com a chegada de um novo ano, metas e resoluções voltam ao centro das conversas. Para muitas mulheres, porém, repensar a vida financeira vai além de equilibrar planilhas ou cortar gastos. Trata-se de alinhar o dinheiro à própria história, aos ciclos de vida, às escolhas de carreira e ao desejo de autonomia. É nesse ponto que o planejamento financeiro, quando pensado a partir da realidade feminina, se transforma em um instrumento de fortalecimento pessoal, profissional e de liderança.
Segundo a especialista em Investimentos Erika Gusmão, o principal diferencial desse modelo está no olhar mais humano e ampliado. “A maioria das mulheres exerce múltiplos papéis: são profissionais, mães, esposas, filhas… e, muitas vezes, acabam esquecendo de si mesmas enquanto mulheres. Por isso, um planejamento financeiro alinhado à realidade feminina vai além dos números”, explica.
Diferente dos modelos tradicionais, historicamente estruturados a partir de uma lógica masculina focada apenas em performance e acúmulo de patrimônio, o planejamento voltado à mulher considera aspectos muitas vezes ignorados pelo mercado financeiro. “Ele leva em conta os ciclos de vida, os desafios emocionais, a rotina social, as pausas na carreira, os recomeços e os sonhos”, afirma Erika.
Esse acolhimento faz diferença direta na relação da mulher com o dinheiro. “Quando o planejamento incorpora o contexto de vida da mulher, ela se sente mais respeitada e segura para tomar decisões. Não é apenas sobre investir melhor, mas sobre alinhar dinheiro, propósito e qualidade de vida”, reforça.
Por que a mulher ainda se coloca em segundo plano?
Apesar dos avanços, muitas mulheres ainda adiam o cuidado com a própria organização financeira. Para a especialista, as razões são profundas e têm origem na forma como fomos educadas. “São nossas raízes socioculturais. Desde a infância, fomos estimuladas a cuidar, priorizar a família e buscar estabilidade, não necessariamente crescimento patrimonial”, analisa.
Esse comportamento, segundo ela, começa a mudar. “Hoje, a mulher entende que pode ser uma excelente profissional, mãe presente, parceira ativa e, ao mesmo tempo, investidora estratégica.” A presença crescente de mulheres no mercado financeiro, especialmente como assessoras, também contribui para essa virada. “Cria-se um ambiente de troca, acolhimento e sororidade, onde aprender sobre dinheiro deixa de ser intimidador.”
Finanças como base para decisões de carreira
Planejar as finanças não significa apenas pensar em aposentadoria ou investimentos de longo prazo. É também uma ferramenta fundamental para decisões profissionais importantes. “Organização financeira gera confiança. E confiança gera liberdade”, resume Erika.
Segundo ela, quando a mulher tem clareza sobre sua situação financeira, passa a se permitir pensar em possibilidades antes vistas como arriscadas. “E se eu mudar de emprego? E se eu empreender? E se eu reduzir o ritmo por um período? Quando existe planejamento, essas decisões deixam de ser saltos no escuro e passam a ser movimentos estratégicos.”
O dinheiro, nesse contexto, funciona como uma rede de proteção. “Ele sustenta transições, dá fôlego aos projetos e traz tranquilidade para lidar com imprevistos. Mesmo com apoio familiar, saber que você está preparada financeiramente faz toda a diferença”, destaca.
Para quem deseja reorganizar as finanças no início do ano, Erika defende que o mais importante é dar o primeiro passo. “Existem aplicativos, planners, planilhas… a ferramenta não é o mais relevante. O essencial é criar o hábito”, orienta.
Ela aponta três perguntas-chave que ajudam a ganhar consciência financeira: onde estou gastando, quanto estou gastando e como estou gastando. “Quando essas respostas ficam claras, ajustar rotas se torna muito mais eficiente. O início do ano simboliza renovação, mas a verdade é que nunca é tarde para retomar o controle.”
Protagonismo financeiro e futuro
Ao falar diretamente às mulheres que desejam começar o ano com mais segurança e clareza, Erika deixa um recado direto e encorajador: “Você não está sozinha. O mercado financeiro pode parecer distante, mas ele também pode e deve ser acessível.”
Buscar informação e apoio profissional, segundo ela, é um sinal de maturidade. “Começar o ano com protagonismo é entender que o dinheiro é uma ferramenta para sustentar escolhas, sonhos e liberdade. Quando as finanças estão organizadas, a tranquilidade se reflete em todas as áreas da vida.”
E conclui com um desejo que resume o espírito deste novo ciclo: “Que 2026 seja um ano de virada, de mais consciência, autonomia e confiança para as mulheres assumirem o controle do próprio futuro. Um maravilhoso 2026 pra nós!”



