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Brasil se destaca no protagonismo feminino: 10 milhões de mulheres lideram negócios e inovação

O empreendedorismo brasileiro passa por uma transformação notável, e as mulheres estão no centro dessa mudança. De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor (GEM 2022/2023), elas já representam 48% dos empreendedores iniciais no país e estão à frente de mais de 10,3 milhões de negócios em atividade, segundo dados do Sebrae. Esse avanço coloca o Brasil entre as nações com maior presença feminina no mundo dos negócios.

O protagonismo também ganha força em áreas consideradas estratégicas, como tecnologia e inovação. O Female Founders Report 2021 aponta que o número de startups fundadas por mulheres cresceu 41% entre 2015 e 2020, e que 16% das startups brasileiras já contam com ao menos uma mulher entre suas fundadoras. Ainda que a representatividade esteja em construção, o ritmo de crescimento demonstra um movimento consistente e inspirador. Para Michele Janovik, CEO do Base27, hub de inovação corporativa capixaba, esse protagonismo começa a redesenhar também o ecossistema local.

“A crescente participação das mulheres em posições de liderança e empreendedorismo também é percebida no Espírito Santo, resultado de uma agenda pública e privada que buscou debater diversidade, promover uma rede de apoio e impulsionar uma mudança cultural no mercado”, destaca. A presença feminina em cargos de liderança tem avançado de forma consistente. Um levantamento da Abstartups (2022) revela que a participação de mulheres em posições executivas dobrou nos últimos anos, saltando de 9% em 2019 para 20% em 2022. Essa evolução também se reflete no mercado de capitais: dados da Endeavor e do BID Lab mostram que startups fundadas por mulheres captaram 17% mais investimentos em 2021 do que aquelas formadas exclusivamente por homens.

Mesmo com esses avanços, os desafios ainda são expressivos. Como destaca Michele Janovik, o acesso a capital continua sendo uma das principais barreiras enfrentadas por mulheres empreendedoras no país.

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“As mulheres enfrentam mais dificuldades na busca por investimentos, o que pode estar ligado à predominância masculina nas redes de investidores. Além disso, seguimos minoria em funções técnicas como programação, engenharia e machine learning, e ainda menos em cargos de alta liderança nestas áreas”, ressalta.

Outro ponto sensível é o impacto cultural e social. “A carreira de muitas mulheres precisa conciliar família e trabalho, e em setores que exigem alta disponibilidade isso ainda pode ser um divisor de águas”, acrescenta a CEO do Base27.

Na mesma linha, Pollyana Rosa Polez, diretora de Inovação do Base27, reforça que, além de romper barreiras, é necessário valorizar referências femininas locais. “Uma das capacidades desenvolvidas por nós, mulheres, que contribuem para a jornada empreendedora é a competência de ser multitarefas e transitar por diversas atividades com facilidade para mudar a linha de raciocínio. Estar à frente de uma empresa requer habilidades em diferentes áreas e visão sistêmica para orquestrar o negócio. Apesar de ter uma aptidão quase natural para a posição, a representatividade ainda é baixa. O desafio atual é ampliar a visibilidade e o alcance das referências já existentes em nosso estado. Temos ótimos exemplos de líderes e fundadoras capixabas que merecem ser reconhecidas, como nossa CEO, Michele Janovik; Paula Barcellos, da Viação Águia Branca; Michelle Ribeiro, da startup Hunterstack.io; e Julia Schwartz, da startup Maya. O caminho passa por tornar essas lideranças conhecidas, para que mais meninas e jovens se enxerguem como protagonistas da inovação no futuro.”

Os números também revelam avanços importantes na base de formação. Segundo o CNPq, as mulheres já correspondem a 56% dos bolsistas de iniciação científica e são maioria nos programas de mestrado e doutorado no Brasil. Esse fortalecimento acadêmico, aliado a políticas públicas e iniciativas regionais de incentivo, tem potencial para impulsionar transformações ainda mais profundas no ecossistema de inovação.

Para Michele Janovik, o futuro do protagonismo feminino depende de um movimento coletivo. “Todos esses fatores podem se transformar em oportunidades se as mulheres forem incluídas nas pautas políticas e nos diálogos sobre inovação e empreendedorismo. E acrescentou: precisamos que os homens reconheçam, compreendam e participem dessa pauta, porque só assim haverá mais equidade, benefícios e apoio mútuos na jornada da inovação”, conclui.

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