De hoje, terça feira (26) até o dia 30 de agosto de 2025, o Parque Cultural Casa do Governador, em Vila Velha (ES), recebe a quarta edição do Encontro das Chefs, o único festival gastronômico do Brasil totalmente voltado à valorização da gastronomia feita por mulheres. O Portal Eliana Gorritti conversou com a idealizadora e produtora do evento, Érica Semião, que nos contou um pouco mais dos bastidores desse projeto.
“A ideia surgiu da vontade de criar um espaço onde as mulheres pudessem brilhar sem precisar disputar espaço com vozes historicamente mais privilegiadas. A gastronomia, como muitas áreas, ainda carrega desigualdades de gênero, especialmente nos grandes palcos. Esse evento é uma forma de romper esse ciclo, dar visibilidade e abrir caminhos. É um espaço de afirmação, mas também de celebração da potência feminina”, afirma Érica Semião.
Com o tema “Diversidade como mãe da gastronomia brasileira”, a edição de 2025 promete uma verdadeira imersão nos múltiplos sabores, saberes e histórias que formam a rica culinária do país.
“O tema permeia toda a programação, desde a escolha das chefs, que vêm de diferentes origens, regiões e histórias, até os pratos apresentados, que revelam ingredientes típicos, técnicas variadas e fusões culturais. A diversidade é o fio condutor, porque acreditamos que ela é o grande segredo da riqueza da nossa gastronomia. Teremos, por exemplo, pratos indígenas, releituras afro-brasileiras, toques europeus e saberes populares reunidos em um mesmo festival’, disse animada.
A programação, que inclui aulas-show, oficinas, degustações, atrações musicais e atividades infantis, será guiada por uma curadoria 100% feminina, reunindo chefs de diferentes regiões, origens e trajetórias.
“O Encontro das Chefs cresceu em proporção, visibilidade e impacto, mas sua essência permanece: valorizar o protagonismo feminino na gastronomia e criar um espaço de troca genuína entre mulheres que cozinham, ensinam, aprendem e transformam o mundo por meio da comida”, explica Érica Semião.
O festival acontece em plena celebração do Dia Internacional da Igualdade Feminina, e essa data estratégica reforça o compromisso do evento com a equidade de gênero.
“Esse alinhamento de datas não é por acaso. O festival é, acima de tudo, um ato de afirmação da igualdade de gênero. Escolhemos estar ativamente nessa conversa, mostrando com ações concretas que mulheres podem, e devem, ocupar todos os espaços da cadeia gastronômica: da cozinha ao palco, da produção ao empreendedorismo”.
Uma programação que une arte, cultura e ancestralidade
Um dos pontos altos do festival são as aulas-show, nas quais o público terá a oportunidade de aprender com grandes nomes da gastronomia nacional, como a renomada Chef Kátia Barbosa, além de conhecer novas chefs que representam o Brasil real, diverso, criativo e cheio de histórias para contar. Ao final de cada aula, os participantes terão a chance de degustar as receitas apresentadas, tornando a experiência ainda mais sensorial e afetiva.
“Buscamos diversidade de perfis, regiões, histórias e técnicas. Priorizamos mulheres que estejam fazendo trabalhos relevantes, mesmo que nem sempre estejam sob os holofotes. Queremos revelar talentos e também valorizar trajetórias já consolidadas. A ideia é ter uma programação plural, que represente o Brasil real”, explicou a organizadora do evento.
Além da culinária, o festival também amplia suas fronteiras culturais com atrações como a Orquestra Filarmônica de Mulheres e a Serenata de Favela, que unem música erudita e popular em apresentações emocionantes. Para as crianças, haverá oficinas gastronômicas infantis, garantindo diversão e aprendizado para toda a família.
“Gastronomia é arte. E arte é uma forma de contar histórias. Quando unimos música, comida e diversidade, criamos uma experiência que vai muito além do paladar – ela toca o emocional, o simbólico, o coletivo”, destaca Érica.
Impacto social e legado
Como idealizadora e produtora do evento Érica Semião também falou dos desafios e das maiores recompensas de realizar um festival com esse foco:
“Os desafios são muitos: garantir recursos, lidar com logística, conciliar agendas de tantas mulheres incríveis. Mas as recompensas superam tudo. Ver o brilho nos olhos das participantes, ouvir os relatos de transformação e saber que estamos abrindo caminhos é o que dá sentido a tudo isso. Cada edição é um recomeço, uma renovação de propósito” disse emocionada.
Desde sua criação, o Encontro das Chefs tem sido um agente de transformação. Centenas de mulheres já foram diretamente impactadas pelo festival, seja por meio de conexões profissionais, inspiração para empreender ou fortalecimento de suas trajetórias na gastronomia.
“Já vimos mulheres que, após o evento, abriram seus próprios negócios, mudaram suas perspectivas de carreira ou encontraram novas parcerias. O impacto vai muito além dos cinco dias de programação, ele reverbera em muitas vidas”, ressalta Érica.
Realização e apoio
O Encontro das Chefs é gratuito e realizado com recursos da Lei de Incentivo à Cultura Capixaba (Licc), por meio da Secretaria da Cultura (Secult) e do Governo do Espírito Santo. A produção é da Conexxo Serviços e Gestão de Eventos, com patrocínio da ES Gás e apoio cultural do Instituto Energisa.
Crédito foto: Clouves Louzada
